22 de julho de 2010

Diário12?!

Eu no divã?!
Recebi sim alguns convites para nele me deitar, mas não sei, e então resolvi apenas sentar-me na poltrona ao lado. O divã me parecia apenas um item de decoração de uma sala tanto clara como escura, digamos que a meia luz.

Educada como sempre fui respondia as questões de forma prática e simples, sem muito lenga lenga, mas não fui bem escutada, digamos assim. Claro que com muita educação fui recebida, em momentos eu até quis falar, e assim fiz, falei... o fato é que foi chegado o momento onde eu não mais queria ouvir, mas por teima, assim não o fiz.

Continuei a sentar-me na poltrona a cada sete dias. Falei, ouvi, gostei e não gostei. Eu saia da sala tonta, e comecei a perceber que estava tonta de mim mesmo. E comigo convivo a mais de três décadas, posso me conhecer melhor do que qualquer outra pessoa que conheci por relatos daqueles que não sou eu.

E isso começou a me consumir...uma dúvida atrás de outra. Até o momento em que eu não agüentei mais quem falasse a mim mesmo quem eu era e o que fazia, como agia e como deixa ser a vida. É fato que sou eu quem deve saber estes detalhes, alguns sórdidos outros menos. E tem mais uma coisa se a pessoa sabe tão bem como fazer ou desfazer, será que é aquela vida que escolheu para ela? Será que simplesmente “orientar”, “ouvir” alguém já é o prazer que a vida propõe? Eu não sei.

Deixei de lado o convite a mim feito. E por duas vezes a teimosia conseguiu levar-me onde não há cabimento ir. Agora to seguindo em frente meu caminho. Confio em mim na mesma medida que desconfio. Não acredito em nada e nem em ninguém na mesma medida que acredito... Ainda to seguindo desconfiando de todos e de tudo, isso incluindo a mim mesma. Inclusive as coisas que escrevo.

Márcia Alcântara
Inverno de 2010

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