9 de julho de 2014
Bolsa Tristeza
Sobre a Copa de 2014
Sabe, demorei muito para me entregar a copa. Eu, até certo ponto, seria daqueles que usariam preto em dia de jogo. Não concordo com os gastos, por mais que os inteligentes do setor político digam ao contrario. Somos um país carente de saúde e educação, de segurança. Como poderíamos acomodar tantas pessoas onde a tentativa de justiça é com as próprias mãos. Enfim, me entreguei, talvez pelo meu filho, talvez pela pressão de um conjunto, da sociedade a que se vive. Ou quem sabe ainda, por que aqui bate um coração verde e amarelo, uma esperança de estar num país melhor (hexacampeão), ou porque ainda, porque sou #brasileiracommuitoorgulho. Não sei, eu fui, me joguei de cabeça. E agora, com a cabeça quebrada, explicar pro meu filho o motivo da derrota, a pior de todos os tempos. Para ele será um grande aprendizado que levara para sempre a lição. Já tinha alertado a ele sobre o possível final, sobre a derrota, mas não com um placar tão desastroso. Por sorte, acredito eu, que ele não entenda, ainda, ou quem sabe até entende, pois vira e mexe ele, com 7 anos me da muitas lições, mas como eu vou ficar? Entendo que nosso dinheiro foi gasto com o que os nossos visitantes não levaram na mala os “investimentos”, mas e educação, saúde e segurança, quando virá? O que vai virar esse país? Uma politicagem nojenta e desastrosa. Sabe, foi apenas um desabafo, mas sei que o Neymar não foi para o Hospital das Clinicas ou para o Mario Covas, os policiais extra-convocados, voltaram aos seus postos normais e o acordo feito com o PCC para que as manifestações cessassem, acabará... É o fim. Tem ai uma “Bolsa Tristeza”?
Márcia Alcântara
25 de maio de 2014
Pensamento. Mais um.
Pensei
que determinadas coisas e casos ficariam dispersos de mim por algum
tempo. Mas não! Estão todos aqui, em mim. Me lembro de seus cheiros e
odores, de seus costumes e sabores, dos sons e das cores. Sou (a)
obrigada por essa memoria ingrata. São noites a fio lembrando ao invés
de sonhar. São noites a fio que fico a pensar e me esqueço de admirar o
luar... Quando chega o dia fico querendo da noite me vingar e,
simplesmente , esqueço das flores do jardim regar. Cheiros, odores,
costumes, sons e cores uma vida a fio para lembrar...
Márcia Alcântara
Márcia Alcântara
1 de novembro de 2013
Alfabeto Insano
Ah! alfabeto estranho!
Te quero e te desdenho!
Te odeio e amo-te!
Maldito amado!
Porque escondes tudo?
Porque faz que mostra?
Me deixe, não invada meus aforismos.
Com suas Vogais e Consoantes!
Suma de mim!
Saia de meus pensamentos!
Fuja da tinta da minha caneta!
Ou te largarei no fundo de uma gaveta!
Márcia Alcântara
É Primavera, 2013.
9 de fevereiro de 2013
O desabafo literário do ‘eu’
Não gosto muito de citar o ‘eu’, mas, neste ponto, que
desejo enfocar, é necessário afirmar em timbre forte o ‘eu’.
Eu estive pensando hoje sobre as escritas, os modos de
escrever e pontuação. Sim tudo muito necessário, só que não! Não porque os possíveis
leitores não sabem ao certo como tudo foi pensado para ser escrito. Oras, não
sabem. Se pudéssemos, ou se eu pudesse ler da maneira como pensei antes, que
alguém lesse seria muito, muito atraente. Não se tratando da palavra no seu estado sensual, mas da maneira como
deveria sentida!
É claro que nem todo mundo vá sentir o que senti. É! Seria intensamente
difícil. Lá no fundo seria tão bom, quase que excitante, saber que alguém leu e
sentiu o mesmo, mas há probabilidades negativas.
Sempre que eu escrevo ouço, lá no fundo d’alma, palavras que
não existem! É não existem. E é por isso, por isso e só por isso que muitas vezes
deixo lado toda situação sentida, mas nunca escrita. É! Não dá para escrever
diante de cobranças das quais não posso pagar. Mas, me sinto livre, jogada no
ar lilás, refletida na luz do luar, quando esse há, quando posso colocar em letras alguma coisa
que sinto.
É eu escrevo o que sinto. Não sigo regras e nem faço
literatura. Sofro. Choro. Me sinto deixada de lado, mas logo deixo de lado todo
esse desprezo. E aprendo nunca, nunca
desprezar a mim. Faço valer o que
reflito. Vale o que sinto.
Márcia Alcântara
Verão chuvoso, frio, 2013.
7 de fevereiro de 2013
Caim matou Abel, mas quem morreu mesmo foi Caim
Digamos que Caim, realmente, tenha matado Abel, simplesmente
porque o outro tenha se destacado, enquanto o outro foi um simples lavrador. Não
sei quem matou quem. Acredito que a culpa carregada dentro do ser Caim possa ser mais mortal que a própria
morte de Abel. Mesmo porque os
lavradores são tão importantes quanto os executivos. É uma cadeia. Caim pensou
tudo errado. Pensou ser menos, e quis, apenas quis, ser mais.
Como podemos agir
assim, sendo todos do mesmo sangue, sim! somos todos do mesmo sangue.
Traídos pelas serpentes? Nunca. Somos responsáveis por nossas escolhas. Escolheu
desacreditar, deixe de lado, mas não mate, ou carregará a culpa, sete, sim sete
vezes! é o que diz lá no livro. Se sente traído pelas serpentes
rastejantes? Há boatos de que elas também andavam. Mas foram castigadas e condenadas
a rastejar sobre o próprio ventre, ventre esse que dê ou não outros dos seus. Há
provas? De nada.
Quem sabe um dia partículas soltas possam dar explicações do
que existe só que não. É sempre bom viajar nas estórias que se e conta que os livros relatam. Dar um ar de ficção
ou não. Acreditar serem verídicas ou não. Somos, todos, autores, lavradores, executivos,
sanguinários (num sentido figurado).
Ficamos soltos, jogados no mundo. Alguns rastejam,
condenados pelos que brincam de Deuses, mas é só no interior de si, porque no fim não acreditamos em nada e todos, todos,
do mesmo sangue, ainda andam. Outros apenas vivem suas vidas e os que se incomodam,
já disse nas linhas acima, brincam de Deuses e desenham chifres e pintam de
vermelho ou arrancam pernas e pintam de verde, seus “incomodadores*”.
Das letras que li em ‘ns’ lugares esse pensamento soltou-se.
Cada qual monta sua estória.
*adoro uma palavra inventada. Dá realidade onde você pensa
que há.
Márcia Alcântara
Verão frio de 2013
24 de janeiro de 2013
Do chamado
Hoje foi uma manhã atípica. Estou
de férias, próximo a reserva da Juréia, sempre venho á praia, mas hoje teve um gosto
especial.
Escalei as pedras, olhei o mar,
senti calor nos pés, havia muito que não sentia tantas sensações. Senti o
cheiro do mar, a brisa do vento, o calor do Sol. Senti o sabor preso nas
pedras, eu não queria, mas meu corpo pediu, cheirei e coloquei a boca na pedra,
eu poderia não ter outra oportunidade. O gosto é algo tranquilo por assim dizer,
talvez um pouco seco. Também tateei e percebi as imperfeições perfeitas das
pedras. Escutei as ondas chocarem-se com o paredão, sim escutei as águas chorarem
e rirem ao mesmo tempo. Os paredões
permaneciam imóveis e se refrescavam quietamente.
Estava com a máquina fotográfica,
ou melhor, as duas, a máquina digital e o meu coração, que é melhor também que
seja uma máquina, e este registrava com mais fidelidade todos os
segundos. Eu senti medo! Muito! Não de perder a máquina, mas de que nunca mais
eu pudesse estar ali e sentir tudo o que
estava sentindo, ou que ali, ou que
aquele momento não existisse. Ando tendo uns medos estranhos, tenho medo de que
as coisas que eu goste muito não existam e que os momentos vividos sejam apenas
fruto da minha imaginação.
Fui de volta a areia, estava
quente e Sol parecia atravessar a pele com raios calientes fortíssimos. Escutei um chamado, eu ouvia meu nome
perfeitamente, era uma voz doce e encantadora. Mas eu não via ninguém.
Sentei-me na areia olhei maravilhada a
paisagem, que ao longe mostrava-me duas ilhas, uma maior, outra menor... o
chamado continuava e quando percebi o que me chamava, não fiquei em choque, e
atendi prontamente o chamado, eram as ondas que ao tocarem já calmas a areia, sussurravam
meu nome...
Levantei-me e fui ao encontro do
mar. Fazia muitos anos que eu não ia tão fundo ao encontro das ondas, e a muito
não sentia a suavidade e a agressividade
das ondas baterem no meu corpo. Uma dualidade de sentimentos, uma dualidade de entendimentos.
Fiquei por ali algum tempo, exatamente não sei, mas o tanto necessário para que
a água, salgada e sincera, fizesse de
mim, naquele instante, um ser mais
leve...
Márcia Alcântara
Verão 2013
23 de janeiro de 2013
‘Sepiedade’ (da luz sépia)
Já fazia algum tempo que não escrevia assim, como gosto,
pessoal e intransferível. Inventando novas palavras. É que o meio em qual ando, não é bem vista tal
tipo de escrita, é necessário manter certo padrão. Sai de um canto, um tanto filósofico já por este motivo, acreditei que a literatura me permitia um pouco mais de sal, mas me enganei. Não! Não sou falsa, mas
neste meio, aprendi que tem coisas que não são bem vistas logo de cara, então
faço ficção e deixo para mais tarde a não ficção.
Mas preciso sair disso um pouco, preciso falar da realidade
angustiante... Pareço grávida, ando
enjoada e enojada. Antes eu estivesse. Não! Não estou. Estou cansada e fadigada
da humanidade falida da qual convivo. Pensam todos que a vida é fácil, não! Não
é! Sonhos impossíveis são possíveis! E nunca me desfaço do sonho alheio,
aplaudo alto ou torço em silêncio.
No final do túnel existe uma luz? Não! Existe um arco-íris,
mas parece que todos escolhem, justamente, a treva. Nem olham dos lados e protegem suas próprias vidas
das outras pessoas. Deixam de dividir os momentos mais importantes de sua
passagem por aqui. Escondem seus
corações como se fossem ser roubados! Não! Ninguém pode pegar o coração
alheio.
Pode pegar ódio, negligencia e também esquecimento. Sim! De tanto
se fazerem de falsos humildes ganham o total esquecimento dos outros. O mundo
é caliente e friagem, merece blusas e cachecóis, ou quem sabe ainda, fuga
para um paraíso de sol...
Estou á procura da luz e vou escolher uma cor para viver
primeiro, depois outra, outra. Fique ai curtinho sua sepiedade de luzes amarronzadas, essa ai para mim ficou
minutos atrás.
Sinto-me mais leve.
Márcia Alcântara
Verão 2013
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