18 de agosto de 2010

Diário 16?!

Vida, Fatos e Existência

A vida. Tão simples dizer, apenas quatro letras parece compreender. Parece não necessitar de ajuda de argumentos para afirmar a vida. Viva, estou aqui presente controlando o tempo. Viva estou aqui presente, pois amanhã, ou do futuro eu não sei, e sou bem ignorante ao seu respeito, talvez tudo seja agora! Viva, e sem expectativas, o agora já passou. Mas o fato é que diante da vida não existe a possibilidade de comprovação do por que de tal. Para que a comprovação de tudo?

Agora. Controlo o tempo, mas não consigo controlar o sentimento que mora em mim. O sentimento de ontem não é o mesmo de hoje, e isso consegui apreender mais do que aprender ou ainda assumir. De fato os sentires do passado não são mais os mesmos de hoje e me lembro de ontem de forma diferente no momento de agora. Nem mais e nem menos, apenas diferente. Talvez eu já devesse ter visto antes que não era o que imaginei que fosse. Mas um simples abrir e fechar os olhos, naquele momento nada me revelou. Senti amor, ódio e agora apenas sinto, um sentir sem cor e nem sabor, não mais algo que beirava o desconcerto.

Fatos. Os fatos que existiram e continuam a existir em mim e só para mim, e a mim diz respeito. Os mesmos fatos que um dia foram para mim e para os outros, agora não são mais e simplesmente deixaram de ser no tempo deles, pois no meu, esses fatos ainda permanecem. Eu diria que eles, os fatos, existiram, mas como eu disse hoje é de um modo diferente, e talvez pudessem nunca ter ocorridos, assim como a existência do tempo alheio no meu tempo. Mas eu apenas apreendi sem aprender.

Permitir. Não mais permitirei a presença de tempo alheio no meu tempo de maneira tão aproximada. E deverá ser tudo muito simples, tão simples que será difícil admitir que assim será. Mas será como um dia após o outro, será tão básico como simplesmente fechar o os olhos e ao abrir tudo diferente estará.

Existência. No meu espaço estou livre. No meu tempo estou aqui. O tempo que mora e de certa maneira abriga meu ser diz respeito apenas a mim e mais ninguém. Sou para mim e em mim. Do futuro eu não quero saber, alias não lhe darei atenção afinal ele ainda não é existência. Nenhum outro lugar é melhor que o meu, na minha existência buscarei apenas o conforto em mim, no meu pensar.

Márcia Alcântara
Pensamentos soltos, Lua crescente, inverno 2010.

16 de agosto de 2010

Diario

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..." Clarice Lispector

13 de agosto de 2010

Diário 15?!

***
Me disseram que se sinto deprimida
É por que possuo culpa.
- Culpa de que?
De não realizar meu desejo!
- Desejo de que?
Tenho certeza
Que ainda não descobri.
- Como descobrir?
Vivendo!
- Viver o que?
O Caos!
- Que Caos?
De um mundo não meu!
***

Quem sabe se quando descobrir o meu mundo, retirar dele o véu e não mais precisar esconder nada, talvez eu consiga ser...ser ideal para viver no mundo que não o meu. Não acho justo não poder viver na minha fantasia só por que a realidade esta ai. Grande coisa essa tal realidade! Realidade de gente triste, de gente solitária, de vidas mal vividas, de descredulos!
Não, eu realmente não posso e não quero realizar nada, deixarei tudo em suspenso. Assim como vivo pendurado nos limites do mundo, de um mundo não meu.

Márcia Alcântara
Inverno de 2010

10 de agosto de 2010

Diário 14?!

Primavera em pleno inverno

Tenho passado muito frio. O sol não aparece mais, a Lua então, quem me dera. Preciso entender que ainda é inverno, mas o tempo não passa, insiste em ficar parado fazendo com que eu fique quieta...

Desisti! De esperar a primavera. Preciso desabrochar meu ser agora, quero o colorido já, sentir o calor do Sol no meu corpo imediatamente, quero a luz da Lua agora. Não sou autoridade da natureza, isso é fato. Fato para os que são deste mundo, e como não sou, o Sol brilha forte, o Lua mesmo nova, distante e invisível, a mim se mostra, clara e formosa. Sou autoridade de mim e eu sou a natureza! Sem desafios, apenas sou!

Enchi a casa de flores. Assim como elas me sinto bem! Ah! Nossa! Bem de mais! Me sinto colorida, perfumada, onde passo deixo minha fragrância suave...Até o aroma da natureza, ou quem sabe meu próprio aroma me acompanha nesta jornada de descobertas.

Descobri que o tempo sou eu! Eu sou a minha própria estação! E a minha temporada de agora é de flores! De pétalas! De alegria! O tempo esta em mim e estou para ele...e eu sou quem diz como deve ser.

Quem sabe se as pétalas cairão na primavera ou no verão, sou eu e o tempo, meu parceiro adorável no momento de agora, quem decidirá!

Por hora vencendo desafios...

Márcia Alcântara
Primavera própria, Inverno de 2010

3 de agosto de 2010

Diário?! 13

Fico imaginado se as letras têm algum poder. Dizem que o verbo tem, mas eu ainda não consegui saber ao certo.

A única coisa que parece me trazer um pouco de alegria poderia ser externar o que sinto, mas não tenho tido sucesso. Fico entristecida na mesma medida que me sinto alegre, um descompasso total. E não sei a causa de tudo isso.

Minha vontade é a de ser bem letrada a ponto de ser compreendida através da escrita, meu ponto de escape, mas pude notar durante este tempo que passou que nada tem haver ser “bem letrada”, oras isso nada quer dizer quando nada se sente, e eu, eu sinto muito á ponto de andar sentida o tempo todo. Além de ser também incompreendida.

E isso coloca tudo em cheque, e mate eu diria. Mata todas as minhas expectativas das quais pensei por muito tempo. Esperei por tanto tempo saber coisas das quais não são necessárias. Juntei tantos conhecimentos... Sempre imaginei estar no meio da escuridão, mas não eu estava presa em uma clareira e ela é culpada por eu não enxergar a vida como ela é, ou quem sabe nem seja.

Vivia eu em uma fantasia extraordinária e agora a vida real me prensa. Essa realidade não é a que sempre imaginei. E então cai. Mas levantei por que a vida me empurrou, os olhos continuaram teimando em abrir e o coração, que dizem ser vermelho, continuou a bater.

Estou agora, aqui engasgada de mim mesmo, quase faltando a respiração, respiração essa que teima em vir aos poucos e me deixa na angústia por não cessar de vez.

Márcia Alcântara
Inverno de 2010