29 de setembro de 2010

Diário 20?!

Sabe gosto muito de escrever. Às vezes imagino tantas coisas e tenho medo de que o papel acabe e eu não consiga dizer tudo. Penso muito, imagino que possa não existir palavras para dizer tudo.

Tenho medo de muitas coisas. De não conseguir escrever a cor que penso! Essas letras, essas palavras... tanto podem falar, mas também fazer calar... a quantidade não quer dizer qualidade, tenho raiva das regras impostas e colocadas para serem cumpridas, mas preciso mostrar serenidade...

Estou em desassossego! Tenho casa e comida, mas me sinto desabrigada! Tenho amor para dar e recebo o mesmo, de alguns... mas, sinto frio, e meu coração dói. Queria acreditar um tanto mais em mim, mas os dias passam tão rápido que quando imagino poder dar conta de minha existência, simplesmente, é hora de ir dormir... e a noite passa tão rápido que não consigo me dar conta dos sonhos... Uma vida sem sonhos... Isso para mim é horrível! É uma vida sem viver!

Me sinto cansada da cobrança da vida! O tempo todo e todo o tempo... até parece uma tempestade, mas não de verão, não, mas uma tempestade duradoura... De fato ainda tenho muito por conhecer, algumas coisas melhores dos que as que já conheço, outras nem tanto agradáveis assim, mas nem tudo tem o mesmo cheiro e nem o mesmo paladar, e se assim fosse, não alardeariam a angústia em mim....

Entre uma angústia e outra, um desassossego e outro vou me virando com a vida, na vida, escrevendo aqui e ali, tentando ser leve o quanto posso, bailando com as palavras, enquanto a música que toca não foi por mim escolhida! Continuo a escrever, e isso faz com que me sinta leve... entendo que é preciso tomar certo cuidado, pois em meu conhecimento pude perceber que os que escrevem com o suor do pensar não são bem vindos, ou outros fazem com que seus escritos não o sejam! Angustiante!

Mais e mais palavras ainda tenho por escrever, estão o tempo todo comigo... Me resta ainda tentar organizá-las...ou melhor organizá-las para que mesmo quando nossa existência é uma completa desorganização? Para que organização na escrita quando antes se desenhava com sangue? Para que tanta organização se o preconceito é latente na vida?

Preciso parar por aqui antes que minha leveza ganhe o ar...

Márcia Alcântara
Primavera de 2010

28 de setembro de 2010

Na profunda angústia...
Vivendo um dia de cada vez, mas imaginado como serão os outros...

Márcia Alcântara
Primavera de 2010.

24 de setembro de 2010

Diário19?!

Nem tudo mais são flores de primavera, mesmo por que elas andaram desabrochando no inverno, cinza e gelado. O que antes era acreditável, hoje tornou-se “duvidável”. Sabe, eu quero na verdade colocar do meu lado a felicidade, escrever do meu modo no meu mundo, mas ouvi dizer que somos egoístas por querer um mundo que não este!

Penso que se este mundo não é o meu não devo carregar comigo o peso do egoísmo! Apenas sou o que neste mundo não cabe, ou melhor dizendo, imagino que sou o que aqui não posso ser! Quero inventar palavras, novas maneiras de agir, novos comportamentos, mas nesse mundo é tudo muito padrão. Eu sou diferente!

A cada dia minhas incógnitas aumentam e não encontro nada conhecido que possa explicar ou me explicar. É por isso que julgo estar num lugar não meu. Quem sabe se até este corpo não seja o que imagino ser?

Sou agora e mais que nunca um ser entranho num lugar estranho. Talvez eu esteja colocando longe o belo que há em mim, e de binóculo consigo visualizar a beleza, a alegria, alias eu até as vejo, perfeitas, mas bem distante distante, apenas nas escritas, mas não sentidas... Palavras repetidas, jogadas ao longe... Ao vento!

Eu tento ser alguém mais contundente, mas não consigo. Faz parte da minha natureza ser assim, indeciso, a espera de algo que não chega... e quando chega eu não noto, não percebo com a clareza que deveria, com o calor que necessitaria. Desculpe, mas depois de você os dias mudaram e as noites não são, não não são mais as mesmas!

A água já não é mais tão sem gosto e sem cor assim. As palavras já não conseguem dizer o que antes conseguiam. O Tudo agora é nada e vago vazio de sentido para o tudo que era. Nossa! Sinto ao mesmo tempo em que não sinto nada. Mas será que o nada sentir já não é sentir? Perceba o que foi que você fez, minha cara! Parece que quando digo algo, a mente não absorve o que a voz quer dizer, culpa sua, só sua!

Anestesiada. Dormente. Angustiada. Apaixonada. Entediada. Estranha. Palavras chaves de como anda meu ser...

Márcia Alcântara
Primavera de 2010

14 de setembro de 2010

Diário 18?!

Coração

O coração bate sem parar... O dia vai a noite vem... Todos os dias iguais, o coração sempre a bater batidas repetidas. A vida segue rumo, umas ruas vão e vêm, outras apenas vão e outras somente vêm...

Tem horas que me canso disso tudo. Muitas vezes essas horas parecem durar apenas algumas horas mesmo, e algumas vezes, dias. Ainda não aconteceu de durar meses. O fato é que hoje sinto uma intensidade maior desse cansaço. Como se ele fosse se alongar por meses ou anos, quem sabe, décadas.

To enfadada do barulho, das luzes, da noite, da água, do fogo, do ar... Tudo parece que gira sem parar e não alcança verdade em nenhum lugar. E eu sinto que cansei de lutar. O chocolate me enjoou, o café na tem mais o mesmo paladar... e nem das coisas amargas pareço mais gostar... o jiló se tornou doce!

Queria uma vida mais colorida, menos cinza, menos amarronzada... Mas imagino que tudo colorido demais, meus olhos não iriam agüentar. Tanta coisa fluindo e crescendo eu ia ainda me cansar... e mesmo assim, cansei...vou dormir e assim quem sabe acordar desse sonho ruim. De tantas coisas a rodar sem parar, dos sabores... estou sem paladar, o coração bate tanto e já não consegue tempo para amar...

O coração bate sem parar e amanhã preciso acordar... é regra!
Odeio regras e padrões!

Márcia Alcântara
Inverno 2010

8 de setembro de 2010

Diário 17?!

Hoje me bateu uma tristeza interior. Talvez seja por que tenha ido embora o calor. E por outro lado acredito que esta justificativa seja um tanto quanto estúpida, por que quando há calor me coloco a reclamar.

O fato é que talvez não precise mudança de tempo ou de estação para que eu sinta o espírito frio. Talvez o simples fato de viver já seja a causa disso tudo. O simples fato de estar nesse mundo cheio e tão vazio seja o problema ou que me faça problemática. Cheio de angústias e vazios de soluções. Cheio de conceitos e vazios de atitudes.

Não preciso de análise para entender o quão estranha me sinto. Só o fato de enjoar diante de pessoas e situações já responde muita coisa. Os corações batem por baterem, ou batem por que a ciência disse que batem. Me sinto imunda por ter que acreditar nisso tudo! E não poder acreditar no que quero acreditar.

A ciência é a história das pessoas grandes que devem ter por verdadeira e ponto final. As fantasias são histórias de crianças, que um dia terão que acreditar nas histórias de gente grande, jogando no lixo toda a fantasia do passado. Pobres delas que cresceram vendo tudo descolorindo e ficando fatídico! Podres os adultos que assim fazem.

É isso que me enjoa e me enoja!

Márcia Alcântara
Inverno 2010