31 de outubro de 2009

Doar-se

É isso que fiz durante toda, toda minha vida. Mas agora depois de tantas coisas vividas e acontecidas, não sei mais como lidar com isso, perdi o meu senso. Não confio nem mesmo em mim. Penso: que tomara que as pessoas tenham senso em me pedir algo. Eu estou sempre de prontidão, seja para um abraço, um conforto, um carinho, um beijo, um aperto de mão. Agora tem um outro fator: elas agora tem com quem dividir isso, já não posso mais ser inteira dos outros, como sempre fui,e sempre gostei, hoje tenho um alguém a mais, talvez dois, para dividir todo esse carinho que tenho para os outros.

A única coisa que penso é que recebo de menos, ando me doando para quem não esta nem ai e o pior, continuo seguindo em frente com minhas doações. Acho que me entrego a toa. Nem se quer perceberam que agora tem que dividir.

Existem dúvidas em minha cabeça. E penso que agora, nesta fase da vida, onde talvez eu esteja me tornando um pouco mais “madura” elas, as dúvidas, estão ganhando mais força. Estão roubando meu corpo de mim.

Estou sentindo que além dos outros não serem comigo o que com eles sou, eu também não sou comigo. Estou com medo por que meu Eu esta vindo á tona, é, eu to com medo sim, aflita e angustiada.

Será que eu não dou esse abraço, o conforto, esse carinho, um beijo, esse aperto de mão a mim mesmo? Mas será que quem tem que fazer isso não é os outros? To começando a desconfiar que eu esteja carente de mim mesmo. To começando a desconfiar que nunca fui eu. E agora, que talvez eu tenha descoberto isso, será que quero ser eu? Como posso ser o que não conheço e nunca fui? Eu, para mim, era antes de tudo, Eu. E agora vi outra coisa, o eu não é eu e sim outro. Também gosto de ser esse outro. Escolhas? Não peça isso, queria tudo, ser o dois, ter os dois...

Márcia Alcântara
Primavera de 2009

29 de outubro de 2009

Ar Lilás

Sim, o ar que respiro é Lilás. Nem mesmo eu consigo compreender o por que o vejo. Sinto que quando entra em mim, ele me, me... transforma. Transforma o desconhecido em conhecido.

Não posso definir aqui, com palavras certas como é essa transformação. Eu sinto tanto por isso, que em instantes, o que me fazia estar alegre e feliz, me faz triste e angustiada. Nem mesmo o sabor doce-amargo do morango me traz a felicidade de segundos atrás...

Não faço questão que acreditem em mim, mas o ar que respiro é Lilás!

Márcia Alcântara
Primavera de 2009

28 de outubro de 2009

INTERIORIZADO

Todos os dias quando me levanto pela manhã procuro ver o lado positivo das coisas. Procuro tentar entender o por que os dias nascem e morrem em vinte e quatro horas. Fico pensando se será que nossa vida é uma duração de vinte quatro horas assim como os dias. Mas nunca encontrei resposta, nem para esta dúvida e muito menos ainda para todas as outras que tenho.

Tento encontrar dentro de tudo o que pesquiso, dentro das letras e das vírgulas que não gosto de usar, algo que possa responder os meus “porquês”. É continuo não-encontrando.

A vida continua a passar. Passam-se horas, minutos segundos. E os dias viram noite. Percebo que dentro de mim há uma noite eterna, que nunca amanhece.

São noites de Lua cheia, quando sinto que vou estourar, de alegria ou de tristeza, uma angústia continua. De Lua minguante quando sinto que todos se afastaram de mim e não agüentam mais minhas lamentações. Vou me apagando, me apagando e na escuridão do meu Céu de Lua Nova, fico á pensar, á pensar... renasço. Me ilumino aos poucos e sinto um imenso prazer em ver a luz, ela sorri. Eu junto com ela, também me sinto feliz... mas o tempo passa e logo me encho de tudo, de todos.

Sim eu sou inconstante. Amo na mesma intensidade que odeio. E de repente odiando estou amando. Não sei mais aonde vou parar com minha indecisão. Talvez seja agora em que é a hora de enlouquecer. Ou quem sabe, a tudo, tudo esquecer.

Quem sabe se eu tivesse uma outra oportunidade. Mas nem sei se esta que vivo, ou finjo viver, é uma oportunidade. Será que não é um castigo? Ninguém me garante nada!

Fico imaginando a Chuva caindo, caindo... as plantas crescendo e crescendo. Aproveitando a natureza para crescerem e crescerem. Eu não consigo fazer a mesma proeza, a mesma magia. Para mim é sempre noite, mesmo quando é dia...

Márcia Alcântara
Primavera de 2009