Digamos que Caim, realmente, tenha matado Abel, simplesmente
porque o outro tenha se destacado, enquanto o outro foi um simples lavrador. Não
sei quem matou quem. Acredito que a culpa carregada dentro do ser Caim possa ser mais mortal que a própria
morte de Abel. Mesmo porque os
lavradores são tão importantes quanto os executivos. É uma cadeia. Caim pensou
tudo errado. Pensou ser menos, e quis, apenas quis, ser mais.
Como podemos agir
assim, sendo todos do mesmo sangue, sim! somos todos do mesmo sangue.
Traídos pelas serpentes? Nunca. Somos responsáveis por nossas escolhas. Escolheu
desacreditar, deixe de lado, mas não mate, ou carregará a culpa, sete, sim sete
vezes! é o que diz lá no livro. Se sente traído pelas serpentes
rastejantes? Há boatos de que elas também andavam. Mas foram castigadas e condenadas
a rastejar sobre o próprio ventre, ventre esse que dê ou não outros dos seus. Há
provas? De nada.
Quem sabe um dia partículas soltas possam dar explicações do
que existe só que não. É sempre bom viajar nas estórias que se e conta que os livros relatam. Dar um ar de ficção
ou não. Acreditar serem verídicas ou não. Somos, todos, autores, lavradores, executivos,
sanguinários (num sentido figurado).
Ficamos soltos, jogados no mundo. Alguns rastejam,
condenados pelos que brincam de Deuses, mas é só no interior de si, porque no fim não acreditamos em nada e todos, todos,
do mesmo sangue, ainda andam. Outros apenas vivem suas vidas e os que se incomodam,
já disse nas linhas acima, brincam de Deuses e desenham chifres e pintam de
vermelho ou arrancam pernas e pintam de verde, seus “incomodadores*”.
Das letras que li em ‘ns’ lugares esse pensamento soltou-se.
Cada qual monta sua estória.
*adoro uma palavra inventada. Dá realidade onde você pensa
que há.
Márcia Alcântara
Verão frio de 2013
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