21 de maio de 2010

Diário? 5

Faz frio. Na noite escura, a Lua dá sua primeira tentativa de encher-se de luz. Também sinto frio. Me sinto entediada e nada, nada me faz sorrir, e muito menos, sentir-me cheia de luz.

Hoje acordei com vontade de viajar... pelo céu, pelo mar...esquecer das coisas da realidade. Mas tive que perceber um fato, só posso me conduzir as viagens porque a realidade existe.

É triste sentir que não posso fugir da realidade, e que é somente por ela que posso ir onde não existe, onde não posso chegar. Gostaria de respirar ar lilás, amar quem não me ama, sentir-me segura nas mãos de outrem, mas tenho que ser refém da realidade.

A realidade aprisiona mesmo quando estou em outra dimensão. É para ela que tenho que retornar das belas viagens que faço. Que saco! O arco-íris perdeu a cor. A vida é para ser vivida como os outros querem e assim ocorre com todos, ou ao menos no meu pensar assim ocorre.

Queria poder nadar num mar de flores... queria ser autêntica... mas onde meu ser vive, onde colocaram ele para viver, isso não é possível. Mas, eu tento viver dentro do que é possível e fazer o impossível... confusa! Assim faço da vida.

Na vida confusa, na ligação do meu ser com o nada me realizo. Sou feliz dentro das impossibilidades do meu interior. Exteriorizo as palavras para que elas não apodreçam sem respirar o ar lilás... e seria um egoísmo de minha parte não permitir á elas esse prazer...

Vou seguindo, e chego aqui, onde faz frio, onde só a Lua parece ter o direito de sorrir...

Márcia Alcântara
Outono 2010.

Um comentário:

não-eus dizem...