26 de maio de 2010

Diario?! 6

Hoje quando abri os olhos de manhã me senti um tanto estranha. Sentia vontade de fazer algo. O que? Eu não conseguia saber.

Sentia que tinha algo por acontecer. O que? eu não conseguia saber.
Mas levantei assim como faço todos os dias quando o sol desponta seus raios quentes. Mas não sei por que o sol não parecia tão quente assim. Talvez fosse o outono.

Eu sentia vontade e tudo o que eu fazia não me saciava. O cheiro do café quente da manhã parecia não ser o mesmo. O chocolate em barra não tinha o mesmo gosto de sempre. Eu sentia vontade, vontade...e nada saciava-me. Os afazeres de todos os dias eu estava á fazer. Os mesmos dizeres, estava a dizer, as mesmas tarefas a serem cumpridas, mas nada da tal vontade desaparecer. Meditei, ouvi música, tomei meu banho, quente... Preparei com amor a minha comida preferida... Fiz tudo como sempre fiz.

A vontade dominava todos os meus momentos. Tudo era igual a todos os dias.
O sol começava a dar sinais de cansaço, parecia querer deitar, mas ainda era cedo. De fato senti, assim como o sol, cansada e com vontade de me cobrir, o dia não estava quente, mas estava ainda claro.

E deitada e aquecida me coloquei a pensar como tudo flui. Pude entender que cada dia é como todos os outros, as mudanças são mínimas, assim como imagino ser a vida, pois qualquer coisa a tira de nossas mãos. Deitada e aquecida ainda sentia vontade e um pressentimento de que algo vinha a acontecer.

Não me lembro de muita coisa que tenha acontecido depois, quando acordei a lua aparecia entre as nuvens, assim como nos filmes de terror, entre nuvens negras... garoava intensamente, e fazia frio. A vontade não consegui até agora saber o que era, ou melhor, dizendo o que é, pois essa vontade ainda me leva a diante, sinto vontade de descobrir vontade de que meu ser persegue. Agora, o que eu pressentia, o algo que parecia vir a acontecer talvez seja a chuva que caia fina no iniciar da noite...

Nem sempre sabemos tudo e tudo é penosamente por nós esperado. Um beijo, um elogio, uma simples facada da realidade, o amor do próximo, o desejo incontrolável... tudo, tudo é vontade do ser, tudo é pressentimento. E tudo isso esta penoso demais ao meu ser que descobriu que tudo flui. Tudo anda fluindo demais, a tal ponto de eu, de meu simples ser eu não mais conseguir entender.

Antes, quando eu entendia bem pouco sobre todas as coisas eu parecia ser mais feliz. Parecia ser mais tranqüila, ser mais bela...

Mas descobri que as coisas possuem uma fluidez infinita, e somos envolvidos nesse fluir...fluindo com ele acabamos descobrindo coisas, descobrindo verdades e descobrindo mentiras...descobri o verdadeiro sentido do descobrir...e a revelação tormou-se algo que não posso suportar.

Neste momento me entendo como ser, e como ser tudo me parece muito estranho...eu penso que na verdade tenho sentido medo de todas as coisas e de todos os outros seres.

O fato é que tudo isso que eu sinto, que minhas vontades, (in) controláveis estão diretamente ligadas ao outro, digo ao outro ser, que não o meu.
Eu não consigo nem mesmo afirmar que eu sou, o que meu ser sente, mas sei que sente e sente pelo o outro. Gostaria na verdade de conseguir saber mais sobre o outro, mas isso não me é permitido.

O outro veste uma couraça, se camufla, e tudo a meu ver é feito com tanta descrição, uma descrição que não consigo. Tanto é que agora, neste único momento estou aqui, estupidamente me confessando,dizendo o que na verdade deveria fica trancado em mim.
Não entendo a mim mesmo, mas entendo o outro e suas vontades... Será que os outros também não seriam também a mim?

To confusa e angustiada, não sei mais o que quero,não identifico mais minhas vontades, só sei que lá fora a garoa fina encobre a luz da lua, assim como a vida faz com meu ser, ou que chamo de ser, e assim tudo vai fluindo e crescendo...
Márcia Alcântara
outono de 2010.

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